S.E.E.D. ZORA COLLECTIVE DROP V2.0
Espaçado labirinto, proliferado de grotescas criaturas, registradas pela lente suspensa em ângulo plongée, fundida no próprio glóbulo ocular da criatura, que se aglomera e avista o réu: Dr. Lollipop.
Habitad@ em um laboratório ambulante e vivo. Fundindo em si mil organismos e viscosas estruturas, condensadas por si mesm@. As criaturas criadas, sem qualquer suspiro ou fim. Num entrelaçamento de carnes e bytes, onde fios cobrem sua condenada e sublime partitura corpórea. Viscosa, asquerosa. Imensa criatura suspensa.
Atenção!
Dr. Lollipop se apresenta:
— Dentro de um espaço híbrido, o corpo é meu veículo para experiências e sensações tangíveis, mas também é a âncora que me mantém enraizad@ na realidade. Aparatos de tensão tecnológicos articulam em mim feito extensão, amplificando minha voz e minha presença. Através disso, eu me conecto com outr@s avatares, muitos dos quais estão distantes, compartilhando histórias e forjando laços de sobrevivência.
Seu invólucro físico é seu laboratório, testemunha silenciosa das vicissitudes do terceiro mundo. Por dentro, seu ser aquoso, se redescobre e se emaranha em uma heterotopia amplificada, onipresente, sem forma específica. Expressa em um contexto virtualizado, onde cada criatura não gerada, é inventada, e manifesta a partir de sensores e personas. Como um grande espectro absoluto do caos, onde múltiplos contextos se alteram e dão vida a múltiplos avatares em formatação, que formatam em si sua própria fantasia, realidade e ficção. Esses avatares se relacionam e atravessam ecossistemas reais, virtuais, paralelos; gerando movimentos, culturas e subculturas. Manifestando-se artisticamente através de seus espectros, linguagens e fios de intercessão.
Experimento manifesto não apenas como um exercício intelectual abstrato, mas como afetação expositiva e direta do glóbulo ocular, que reinventa e subentende suas próprias noções factuais de identidade e realidade. É na imaginação que o experimento encontra-se no aspecto especulativo; traçando uma correlação entre 'mente' e 'mundo', desenvolvendo um modo de pensar a coisa em si. Cria-se então, uma possível brecha de elaboração sobre o absoluto; um lugar potencialmente absorto, areado e infinito.
É possível pensar sobre o absoluto. O absoluto é pensável, mas o absoluto é o caos. O absoluto é a contingência. O absoluto é um local de abertura a infinitas possibilidades infinitas, onde leis governam um devir sem lei.
Uma especulação sobre a realidade do mundo para além das formas de percepção humana, expressa um desejo por uma realidade transcendente. Subjetividade atravessada por múltiplas forças cósmicas, que se utilizam da arte como mídia para acessar um conhecimento que se estende e se amplifica. Ideia profética. Expressa uma ficção que coloniza aspectos da ciência, da narrativa e também da vida, gerando efeitos colaterais.
Dr. Lollipop, novamente, se apresenta:
— Cada criatura surge não do acaso, mas da convergência, em um espaço híbrido atravessado, que transcende a tangibilidade e se ancora na realidade através de minha própria corporificação.
Lembrai-vos: na confluência do real e do imaginário, o caos dança com a ordem feito uma estrela bailarina. Para decifrar o absoluto, é preciso primeiro aceitar o enigma de nossa própria existência. Procurai a verdade nos interstícios, onde os fios do visível se entrelaçam às sombras vertiginosas deste inebriante incógnito.
E jamais esqueçais dos efeitos colaterais!
Dr. Lollipop desintegra-se e sai.